sábado, 22 de setembro de 2012

TATO DE MÃE.

Um menino, com um breve poeminha à mão, entrou correndo pela porta do quarto dos pais, ansioso para que o lessem.


Encontrou os pais numa discussão acirrada a respeito de um tema que desconhecia.

À maneira que só as crianças conseguem fazer, ficou ali, ao lado, quase invisível, tentando ser escutado.

Pai, mãe, olha o que escrevi!

Repetiu esse acalanto algumas vezes, falando cada vez mais alto, tornando a balbúrdia no aposento quase insuportável.

Ninguém se entendia e todos queriam ser ouvidos.

Repentinamente, o pai, já sem paciência, tomou a folha de papel das mãos do filho, amassou com força e disse: Já não expliquei que agora não posso!?

Atirou o papelote na lixeira mais próxima, o que deixou o filho sem chão e repleto de lágrimas.

Mais tarde, a mãe, que não havia ficado satisfeita com a cena presenciada e se enchia de compaixão, procurou o menino.

Ela carregava na mão esquerda uma folha de papel enrugada. Tinha a expressão emocionada e condoída.

Filho... Foi você quem escreveu este poema?

O menino, que ainda estava cabisbaixo, apenas acenou com a cabeça que sim.

Que coisa mais linda! Você é um poeta, meu filho! Você é um poeta! –E abraçou, carinhosamente, a criança.

A partir daquele dia, diz a história desse menino, ele resolveu definitivamente ser poeta.

O relato é do próprio autor que conta que, se não fosse pela destreza e tato de sua mãe, possivelmente não se dedicaria à poesia.

Assim, graças à sensibilidade daquela mulher, o mundo pôde conhecer a arte e inspiração de Pablo Neruda.

O tato é essa capacidade que temos, ou não, de lidar com situações delicadas.

Saber dizer as coisas certas na hora certa. Saber calar. Saber abraçar e chorar junto.

Para se ter tato faz-se necessário desenvolver a empatia, essa capacidade sublime de colocar-se no sentimento do outro.

A amorosidade também faz parte da conquista do tato, pois tudo aquilo que é dito com amor, com carinho, tem muito mais chance de ser bem recebido pelo outro.

Ficamos a pensar quantos Neruda deixamos de conhecer no mundo, pela simples falta de tato de pais e educadores, que não promoveram o incentivo necessário ou que simplesmente abafaram, silenciaram talentos tão importantes.

Assim, olhemos nossas crianças com atenção. Operemos sempre com muito tato, psicologia, em tudo que façamos, falemos ou deixemos de falar a eles.

Nem sempre serão grandes talentos ou gênios.

Porém, um incentivo aqui, um elogio ali são os responsáveis primeiros pela formação de uma boa auto-estima.

Tratemos o lar como a terra que necessita estar sempre fértil, preparada para receber as mudas da filiação bendita, que Deus nos dá como presente e responsabilidade.

Redação do Momento Espírita.

Em 27.08.2012.