quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas, 20/08/1889 — 10/04/1985, é a grande poetisa do Estado de Goiás.


Um repórter perguntou à Cora Coralina o que é viver bem.
Ela lhe disse:
 "Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice.
E digo prá você, não pense.
Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha.
Eu não digo.
Eu não digo estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco.

É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.
Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida.

O melhor roteiro é ler e praticar o que lê.
O bom é produzir sempre e não dormir de dia.
Também não diga prá você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.
Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima.
Eu não digo nunca que estou cansada.

Nada de palavra negativa.
Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica.
Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio!
Sei que tenho muitos anos.

Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não.
Você acha que eu sou?
Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser.
Filha dessa abençoada terra de Goiás.
Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos.

Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo
.
Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha
própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto,
pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.
Digo o que penso, com esperança.

Penso no que faço, com fé.
Faço o que devo fazer, com amor.
Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.
Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.".

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

ENTRE 1960 E 2011.

    Cenário 1: João não fica quieto na sala de aula. Interrompe e perturba os colegas.

    · Ano 1960: É mandado à sala da diretoria, fica parado esperando 1 hora, vem o diretor, lhe dá uma bronca e até umas reguadas nas mãos e volta tranqüilo à classe. Esconde o fato dos pais com medo de apanhar mais. Pronto. Voltou a se comportar bem.

      . Ano 2011: É mandado ao departamento de psiquiatria, o diagnosticam como hiperativo, com transtornos de ansiedade e déficit de atenção em ADD, o psiquiatra receita  Rivotril. Transforma-se num zumbi. Os pais reivindicam uma subvenção por ter um filho incapaz e processam o colégio.

         
 Cenário 2: Luis, de sacanagem quebra o farol de um carro, no seu bairro.

    · Ano 1960: Seu pai tira a cinta e lhe aplica umas sonoras bordoadas no traseiro. A Luis nem lhe passa pela cabeça fazer outra nova "cagada", cresce normalmente, vai à universidade e se transforma num profissional de sucesso.

       · Ano 2011: Processam o pai de Luis por maus tratos e  ele tem que se abster de ver seu  filho.  Luis se volta para a droga, delinqüe e fica preso num presídio especial para adolescentes.

        
 Cenário 3: José cai enquanto corria no pátio do colégio, machuca o joelho. Sua professora Maria, o encontra chorando e o abraça para confortá-lo...

    · Ano 1960: Rapidamente, João se sente melhor e continua brincando.

        ·Ano 2011: A professora Maria é acusada de não cuidar das crianças. José passa cinco anos em terapia pelo susto e seus pais processam o colégio por danos psicológicos e a professora por negligência, ganhando os dois juízos. Maria renuncia à docência, entra em aguda depressão e se suicida...

          
Cenário 4: Disciplina escolar

    · Ano 1960: Fazíamos bagunça na classe... O professor nos suspendia e/ou encaminhava para a direção; chegando em casa, nosso velho nos castigava sem piedade e no resto da semana não incomodávamos mais ninguém.

       . Ano 2011: Fazemos bagunça na classe. O professor nos pede desculpas por repreender-nos e fica com a culpa por fazê-lo. Nosso velho vai até o colégio dar queixa do professor e para consolá-lo do trauma eterno compra um big computador para o filhinho.

       
 Cenário 5: Horário de Verão.

    · Ano 1960: Chega o dia de mudança de horário de inverno para horário de verão. Nada acontece.

         · Ano 2011: Chega o dia de mudança de horário de inverno para horário de verão. A gente sofre transtornos de sono, depressão, porque a violência tá demais. Como sair no escuro para trabalhar?

          
Cenário 6: Fim das férias.

    · Ano 1960: Depois de passar férias com toda a família enfiados num Gordini ou Fusquinha, é hora de voltar após 15 dias de sol na praia. No dia seguinte se trabalha e tudo bem.

         · Ano 2011: Depois de voltar de Cancun, numa viagem 'all inclusive', terminam as férias e a gente sofre da síndrome do abandono, "panic attack", seborréia, e ainda precisa de mais 15 dias de readaptação...

          
 Cenário 7: Saúde.

    · Ano 1960: Quando ficávamos doentes, íamos ao INPS aguardávamos 2 horas em pé para sermos atendidos, não pagávamos nada, tomávamos os remédios e melhorávamos.

         · Ano 2011: Pagamos uma fortuna por plano de saúde. Quando fazemos uma leve distensão muscular, conseguimos uma consulta VIP para daqui a 4 meses, o médico ortopedista vê uma pintinha no nosso nariz, acha que logo que é câncer, nos indica um amigo dermatologista que pede uma biópsia, passa uma fórmula da farmácia que ele tem "convênio" e nos indica um amigo oftalmologista, que "indica" a clínica para fazer exames especiais e a ótica, porque acha que temos uma grave deficiência visual.  Fazemos quimioterapia, usamos óculos e depois de dois anos e mais 45 consultas e 3 cirurgias, melhoramos da distensão muscular.

          
Cenário 8: Trabalho.

    · Ano 1960: O funcionário era "pego" cera (fazendo nada). Tomava uma regada do chefe, ficava com vergonha e ia trabalhar.

      · Ano 2011: O funcionário pego "desestressando" é abordado gentilmente pelo chefe que pergunta se ele está passando bem. O funcionário acusa-o de bullying e assédio moral, processa a empresa que toma uma multa, o funcionário é indenizado e o chefe é demitido.

          
Cenário 9: Assédio.

    · Ano 1960: A colega gostosona recebe uma cantada de Ricardo. Ela reclama, enquadra ele e fica tudo bem.

         · Ano 2011: Ricardo admira as pernas da colega gostosona quando ela lhe exibe a calcinha abrindo as pernas, sentada em sua frente, e porque ele não quis ela, com orgulho ferido, ela o processa por assédio sexual, e ele é condenado pela Maria da Penha a prestar serviços comunitários. Ela recebe indenização, terapia, tratamento psicológico e proteção paga pelo estado.