terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Primeira Escola de Cataguases.

Marcel Rousseau Webster (filho de Dennis Richard Webster e Louise Rousseau Webster)

Louise Rousseau Webster (Professora de Piano e de Francês do Colégio São Dinniz)


Em 1886, foi fundado a primeira escola de Cataguases, o Colégio São Dinniz, pelo inglês Dennis Richard Webster e sua esposa Carolina Webster. O Colégio, que funcionava no atual bairro São Diniz, era só para moças e em regime de internato, e atendia não só a Cataguases como a toda a região. Além das órfãs que ali residiam, a escola recebia alunas dos arredores e de lugares mais longínquos.A partir desse momento, as filhas das famílias cataguasenses não precisaram mais sair da cidade para estudar, pois o nível de instrução era comparado às melhores escolas européias. Os mestres eram, na sua maioria, estrangeiros, principalmente franceses e portugueses. Faziam parte do currículo escolar, entre outras matérias, aulas de francês, pintura, piano, canto e boas maneiras.
Em 1898 o colégio foi desativado, após uma epidemia de febre amarela, quando várias alunas e professoras faleceram, inclusive D. Carolina Webster.
Doze anos depois foi inaugurado o Ginásio Cataguases, funcionando em dois prédios: na Chácara Granjaria para os rapazes e na Chácara Drumond, na Avenida Astolfo Dutra, com Curso Normal para as moças.
Pouco tempo depois foi fundado o Colégio Nossa Senhora do Carmo, pelas irmãs Carmelitas, voltado para o ensino feminino, também em regime de internato. Em 1925, o colégio anexou o curso Normal que funcionava na Chácara Drumond.
Ainda no primeiro quartel do Século XX outras escolas foram criadas em Cataguases, como o Grupo Escolar Coronel Vieira e o Grupo escolar Guido Marlière, dedicados ao ensino primário. A criação de escolas públicas facilitou um acesso maior da camada popular à educação.
"No caminho dos maus existem armadilhas e dificuldades, quem dá valor à vida se afasta deles. Eduque a criança no caminho que deve andar, e até o fim da vida não se desviará dele". ( Livro de Provérbios de Salomão 22:5-6).
Se qualquer historiador em suas reminiscência, tentar escrever e enaltecer a área do ensino em Cataguases, sem voltar no século passado, ou seja, precisamente em 1873, quando chegava ao Brasil, procedente da Inglaterra, Bunwell, um jovem de vinte e dois anos de idade, que se chamava Dennis Richard Webster, é omitir da História uma das suas mais belas páginas no setor educacional, isto porque, não se pode explicar com meras palavras, o idealismo que trazia dentro do peito para dedicar á terra que o acolheu, terra antes conhecida por Porto dos Diamantes, depois Meia Pataca e, posteriormente, Cataguases.
Casado em primeiras núpcias com a senhora Carolina Bentes Webster, de nacionalidade portuguesa, versada em várias línguas, formada que fora em uma das mais afamadas academias do mundo, ou seja, a Academia de Lisboa
Para uma comunidade que se despontava explendorosamente, com grandes perspectivas de rápido progresso, tornava-se necessário, para que as famílias não ficassem privadas da ausência de suas filhas, indo para os centros maiores em busca do saber, a criação de seu primeiro colégio. E foi assim, que Dinnis Richard Webster, aos 35 anos de idade, com o apoio necessário de sua esposa, Carolina Bentes Webster, acalentando em seus corações o grande sonho de erigirem um educandário, planejaram juntos e executaram a construção do primeiro colégio em Cataguases, e que receberia o nome de "Colégio São Diniz".
Este extraordinário evento , aconteceu, para alegria das famílias cataguasenses, no ano de 1886, quando Dinnis Richard Webster e sua digna esposa, Carolina Bentes Webster, viam concretizar-se o seu tão badalado sonho. Este colégio era freqüentado por grande número de alunas internas, e, também, freqüentado por várias órfãs que residiam naquelas imediações, bem como várias alunas que vinham embarcadas de trem das localidades de Piraúba, Campestre, Sobral Pinto, Porto de Santo Antônio, hoje Astolfo Dutra, todas elas em busca de preparo intelectual.
Sobre o Colégio São Diniz, Dona Ofélia de Resende, relata que era um colégio à moda dos colégios estrangeiros. Ali tinha franceses, portugueses. Era, portanto, um colégio que proporcionava instrução idêntica ao que era dado nos colégios das grandes capitais da Europa.
Além da irmã mais velha de Dona Ofélia de Resende que estudava neste colégio, também, suas tias e primas estudaram piano e canto e, por sinal, cantavam maravilhosamente bem.
No colégio, também, havia um professor de raça negra que era um exímio pianista, que a todos encantava com sua maestria musical.
Segundo, também, informa José Antônio Teodoro, mais conhecido na intimidade por José do Grupo, contando atualmente 96 anos de idade, que na cidade de Piraúba onde nasceu tinha um fazendeiro cujas filhas também estudaram no Colégio São Diniz, vindo de trem até Cataguases e daqui para São Diniz.

O Colégio de São Diniz recebeu como alunas, filhas de famílias tradicionais de Cataguases, ou sejam: as famílias Resende, Vieira de Resende, Tostes, Dutra, Werneck A Lima, Almeida, Chaves, Ventania, Abreu e muitas outras. Senhora Silvina Pereira, avó de Dona Maria Lúcia Barroso, Dona Ofélia de Resende, Dona Carmelita Guimarães, cuja professora muito se destacou no magistério em Cataguases, tendo hoje uma escola que leva o seu nome; Dona Sebastiana Pereira de Souza, genitora de Zoraide Guimarães e Dona Maria Simões Vidal ( Dona Neném Silveira) que ainda sobrevive contando mais de cem anos de idade, as quais também estudaram neste modelar educandário.
Segundo relato da senhora Leda Pereira Esteves, neta do fundador do Colégio, Dinnis Richard Webster e de sua Segunda esposa Louise Rousseau Webster, publicado no jornal "Cataguases", do dia 04/09/1988, quando a mesma declara que, entre as professoras, destacavam-se Dona Leonor de Castro, Mácio da Silva Torres e sua irmã Dona Laura que eram chamadas de "mão de ouro" por fazerem trabalhos manuais como pintura e pirogravura com a maior perfeiçao e Dona Maria Rosa Pinto, além de outras professoras de canto, piano, aulas de polidez e ginástica. Todas muito dignas do elevado cargo que ocupavam. Uma que se destacou, a professora de língua francesa, Louise Rousseau, que mais tarde foi a Segunda esposa do diretor do Colégio, que ao chegar a Cataguases era recém-formada pelo Colégio das Laranjeiras, na cidade do Rio de Janeiro.
Era filha do Dr. Augusto Rousseau, engenheiro arquiteto que também muito colaborou pelo engrandecimento de nossa cidade. Francês, formado em engenharia civil, por ele foram traçadas importantes plantas como, a da Ponte Metálica, da Prefeitura Municipal de Cataguases e da antiga Igreja Católica, na Praça Santa Rita.
Fato marcante no Colégio eram as festividades entre alunas e professores, quando se promoviam reuniões, bailes e teatros, muito próprios da época.
Entretanto, devido a febre amarela que grassou em Cataguases no ano de 1897 e 1898, que vitimou Dona Carolina Bentes Webster e mais duas professoras e alunas, cujos falecimentos deixou toda a população profundamente chocada, e diante destes tristes episódios da epidemia da febre amarela, aquele Colégio que poderia Ter vida longa e, quem sabe, ser uma gloriosa realidade até nossos dias, viu cerradas as suas portas.
Dona Carolina Bentes não deixou descendentes, e seu falecimento se deu no dia 25 de junho de 1898, partindo para o plano espiritual, mas deixando atrás de si uma grande folha de serviços prestados a Cataguases, comunidade que surgia para ser em futuro próximo uma das grandes comunas do Estado de Minas Gerais. Seu esposo, Sr. Dinnis Richard Webster, profundamente desolado com o falecimento da esposa, fechou o Colégio São Diniz, encerrando-se, assim, as atividades de uma modelar escola que, apesar de 12 anos de existência, ou seja de 1886 a 1898, já se tornara um grande orgulho da região.
Casado em segundas núpcias com a professora do Colégio, a francesa Louise Rousseau Webster, constituíram numerosa família, e tiveram os seguintes filhos: Maria, William, Walter, João, Richard, Marcel e Luiza.
A primeira filha Maria Webster Amorim, casou-se com o senhor Belmiro Pereira de Amorim, português, precursor e professor das primeiras glebas de mecânicos e torneiros desta localidade, também um dos fundadores da primeira agência revendedora de automóvel, a antiga Ford de Cataguases e Leopoldina.

Juntamente com seu sogro , o inglês Dennis Richard, também ajudou a construir a antiga Usina Maurício, e trabalhou nesta empresa por muitos anos. Dessa união lhes nasceram os seguintes filhos: Lúcia, Leda, Laura, Lyra, além dos falecidos, Lea, Álvaro e Wilde.
O segundo filho, William, casou-se com Dona Alice Guerreiro, família tradicional desta cidade. Seus filhos são: Zildemar, Zildinis, Zilda, Zildéia, Zilmar. Residem em Recife.
Walter, trabalhou no Banco do Brasil (Rio de Janeiro) falecido há muitos anos.
João, casou-se com Maria Lacerda, família conceituada desta cidade. Tendo como filhos: Weber e Marly.
Richard, casou-se com Sebastiana Correia, família cataguasense. Seus filhos são: Dinis, Sérgio, Aparecida, Maria Luisa, Cecília, Ana Lúcia.
Marcel, casou-se com Maria José Marugeiro, Barbacenense, filha de pai português. Seus filhos: William, e Gleucia.
Luiza, a última filha do casal, faleceu na adolescência.

Dinnis Richard Webster, nasceu na Inglaterra, Bunwell, no dia 25/12/1851 e faleceu em 16/09/1924, aos 73 anos, na Usina Maurício, onde, também como, já dissemos, foi um dos cooperadores da mesma, isto em 7 de julho de 1908.
Um fato que merece ser destacado, constituindo motivo de orgulho para todos nós, cataguasenses, é o populoso bairro de São Diniz, conservando este nome até nossos dias, como uma justa homenagem àquele que, um dia, aqui se aportando em plena juventude, deu tudo de si para o progresso da nossa terra.
Que o exemplo deixado por Dinnis Richard Webster e Carolina Bentes Webster possa ser seguido por outros abnegados filhos de nossa Cataguses e, quem sabe, este exemplo possa ser o despertar para que, pessoas como eles o foram, possam lutar para que em breve tenhamos em nossa cidade uma Faculdade de Direito, e porque não dizer, até mesmo uma Faculdade de Medicina para que nossos filhos não necessitem mais deixar sua terra para procurarem em centros maiores a concretização de seus ideais, ou seja, suas formaturas.

Matéria retirada do "Jornal Cataguases" pelo Jornalista: Sebastião Lopes Neto. Blog: de Gleucia Maria Webster.(neta de Dinnis Richard Webster)

Reflexões de José Saramago.



O Amor não Tem nada que Ver com a Idade

Penso saber que o amor não tem nada que ver com a idade, como acontece com qualquer outro sentimento. Quando se fala de uma época a que se chamaria de descoberta do amor, eu penso que essa é uma maneira redutora de ver as relações entre as pessoas vivas. O que acontece é que há toda uma história nem sempre feliz do amor que faz que seja entendido que o amor numa certa idade seja natural, e que noutra idade extrema poderia ser ridículo. Isso é uma ideia que ofende a disponibilidade de entrega de uma pessoa a outra, que é em que consiste o amor.

Eu não digo isto por ter a minha idade e a relação de amor que vivo. Aprendi que o sentimento do amor não é mais nem menos forte conforme as idades, o amor é uma possibilidade de uma vida inteira, e se acontece, há que recebê-lo. Normalmente, quem tem ideias que não vão neste sentido, e que tendem a menosprezar o amor como factor de realização total e pessoal, são aqueles que não tiveram o privilégio de vivê-lo, aqueles a quem não aconteceu esse mistério.

José Saramago, in "Revista Máxima, Outubro 1990"

Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.

Se puderes olhar, vê se podes ver, repara.
Retrato do desmoronar completo da sociedade causado pela cegueira que aos poucos assola o mundo, reduzindo-o ao obscurantismo de meros seres extasiados na busca incessante pelo poder. Crítica pura às facetas básicas da natureza humana encarada como uma crise epidémica. Mais do que olhar, importa reparar no outro. Só dessa forma o homem se humaniza novamente. Caso contrário, continuará uma máquina insensível que observa passivamente o desabar de tudo à sua volta.

Nós temos sempre necessidade de pertencer à alguma coisa; e a liberdade plena seria a de não pertencer a coisa nenhuma. Mas como é que se pode não pertencer à língua que se aprendeu, à língua com que se comunica, e neste caso, a língua com que se escreve?
Se o leitor, o leitor de livros; aquele que gosta de ler, não se limitar à quilo que se faz agora, se ele andar pra traz e começar do principio, e poder ler os primitivos e os grandes cronistas e depois os grandes poetas, a língua passa a ser algo mais que um mero instrumento de comunicação, transformando-se numa mina inesgotável de beleza e valor.

"Se não disseres nada compreenderei melhor [...], há ocasiões em que as palavras não servem de nada".

As palavras proferidas pelo coração não tem língua que as articule, retém-nas um nó na garganta e só nos olhos é que se podem ler

José Saramago 16/11/1922 Azinhaga (Portugal)



Seus pais mudaram para a capital, Lisboa, quando Saramago ainda não havia completado dois anos. Portanto, a maior parte da sua vida decorreu nessa que é uma das mais importantes cidades europeias, embora até o início da idade adulta passasse períodos numerosos e prolongados em sua aldeia natal. Autodidata, chegou a fazer estudos secundários que, por dificuldades econômicas, não prosseguiu. Seu primeiro emprego foi como serralheiro, tendo exercido depois diversas profissões: desenhista, funcionário da saúde e da previdência social e tradutor. Prêmio Nobel de Literatura
Saramago era um autor prolífico. Além de romances, publicou diários, contos, peças teatrais, crônicas e poemas. Em 1980, alcança notoriedade com o livro Levantado do Chão. Outro romance, Memorial do Convento repetiria, dois anos depois, o mesmo sucesso.
Em 1991, publica O Evangelho Segundo Jesus Cristo, livro censurado pelo governo português - o que leva Saramago a exilar-se em Lanzarote, nas Ilhas Canárias (Espanha), onde viveu até sua morte.
Entre seus outros livros estão os romances O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), A Jangada de Pedra (1986), Ensaio sobre a Cegueira (1995, adaptado para o cinema pelo diretor brasileiro Fernando Meirelles), Todos os Nomes (1997) e O Homem Duplicado (2002). Deve-se citar também a peça teatral In Nomine Dei (1993) e os dois volumes de diários recolhidos nos Cadernos de Lanzarote (1994-7). Casado com a jornalista espanhola Pilar Del Rio em segundas núpcias, Saramago deixou uma filha (do primeiro casamento) e dois netos. "Comunista hormonal", como ele mesmo se classificou, Saramago faleceu aos 87 anos.
18/06/2010, Lanzarote, lhas Canárias (Espanha).