sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Profissão: professor

Já reparou como as palavras profissão e professor se parecem? Elas nasceram da mesma raiz etimológica, o que faz todo o sentido: o professor é a primeira das profissões. Todas as outras especialidades e habilidades técnicas só podem existir quando há professores ensinando-as aos seus discípulos. Toda profissão precisa de professores.

Essa origem semântica, que resume o valor intrínseco e original do “ser professor”, está esquecida, perdida no tempo. Hoje em dia, sobretudo no Brasil, profissão e professor estão separadas. Na lista das profissões “ideais” — aquelas que as mães sonham para seus filhos e filhas, aquelas que remuneram melhor, são respeitadas, conferem status social e abrem as portas para o seleto e esnobe clube da elite — não aparecem os professores. Sinais dos tempos: no sonho do jovem brasileiro, rebolar em programa de auditório e virar craque de futebol figuram entre as profissões reluzentes (“Reluzem mas não são ouro...”, professaria o profeta). Não poderia haver deturpação maior do sentido original, até porque esse tipo de atividade não requer professor. Serão mesmo profissões?

Não, não são. É preciso questionar a linguagem, desconstruir alguns termos que camuflam a realidade, ao colocar em um mesmo saco coisas tão diferentes que, no fim das contas, as palavras acabam perdendo a força e o sentido. Nessas hora, um bom exercício é voltar aos primórdios das palavras, à língua primeira que as formou e aos seus sentido primitivos, que nos ajudam a repensar e redimensionar nossos conceitos, mudando em seguida a prática. Um outro aspecto muito pouco considerado atualmente é definir quais as habilidades e conhecimentos deve ter um professor,alem de dominar os conhecimentos da materia que irá ensinar .Se professor como profissão é a primeira profissao ,com certeza não se pode imaginar que
as pessoas já nascem com o dom de ensinar.

O que é ter uma profissão? O que é ser professor? Ambas as palavras derivam do latim professum, que por sua vez vem do verbo profitēri: “declarar perante um magistrado, fazer uma declaração, manifestar-se; declarar em alto e bom som, afirmar, assegurar, prometer, protestar, obrigar-se, confessar, mostrar, dar a conhecer, ensinar, ser professor” (Houaiss).

São muitos significados convergindo para um só sentido: professar é algo grave, importante, que requer iniciativa, responsabilidade e segurança. Eis aí resgatada a nobreza do compromisso com a profissão: ser professor é “obrigar-se”, ou seja, imbuir-se intimamente neste papel afirmativo e de liderança. A maioria dos verbos que o descrevem envolvem também a comunicação. Isto quer dizer que professar não é ação solitária, isolada ou introspectiva. Requer o outro, direciona-se a alguém, só faz sentido porque existe o aluno.
Aí está a nossa grandeza e o nosso heroísmo: desempenhar uma das mais relevantes missões humanas sob as mais adversas condições sociais. Há de se concordar com o que diz o escritor José Saramago sobre os professores: “São os heróis do nosso tempo”.

Portanto, eis aí o que somos:

Herói s.m. do grego herōs, “chefe, nobre; semideus; herói, mortal elevado à classe dos semideuses”, pelo latim hēros, “semideus, filho de um deus ou de uma deusa, homem célebre”.

Gilberto Teixeira ,Prof.Doutor (FEA/USP)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Piada de Professor.

Havia certa vez um homem navegando com seu balão, por um lugar desconhecido. Ele estava completamente perdido, e qual grande foi sua surpresa quando encontrou uma pessoa... Ao reduzir um pouco a altitude do balão, em uma distância de 10m aproximadamente, ele gritou para a pessoa:

- Hei, você aí , aonde eu estou? E então a jovem respondeu:
- Você está num balão a 10 m de altura!
Então o homem fez outra pergunta:
- Você é professora, não é?
A moça respondeu:
- Sim...puxa! Como o senhor adivinhou?
E o homem:
- É simples, Você me deu uma resposta tecnicamente correta, mas que não me serve para nada...
Então a professora pergunta:
- O senhor é secretário da educação, não é?
E o homem:
- Sou...Como você adivinhou???

E a Professora:
- Simples: o senhor está completamente perdido, não sabe fazer nada e ainda quer colocar a culpa no professor.

Fonte: internet.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Relógio do Coração (Mário Quintana)


Há tempos em nossa vida que contam de forma diferente.

Há semanas que duraram anos, como há anos que não contaram um dia.

Há paixões que foram eternas, como há amigos que passaram céleres, apesar do calendário nos mostrar que ficaram por anos em nossas agendas.

Há amores não realizados que deixaram olhares de meses, e beijos não dados que até hoje esperam o desfecho.

Há trabalhos que nos tomaram décadas de nosso tempo na Terra, mas que nossa memória insiste em contá-los como semanas.

E há casamentos que, ao olhar para trás, mal preenchem os feriados da folhinha.

Há tristezas que nos paralisaram por meses, mas que hoje, passados os dias difíceis, mal guardamos lembrança de horas.

Há eventos que marcaram, e que duram para sempre

o nascimento do filho, a morte da avó, a viagem inesquecível, o êxtase do sonho realizado.

Estes têm a duração que nos ensina o significado da palavra “eternidade”.

Já viajei para a mesma cidade uma centena de vezes, e na maioria das vezes o tempo transcorrido foi o mesmo.

Mas conforme meu espírito, houve viagem que não teve fim até hoje, como há percurso que nem me lembro de ter feito, tão feliz estava eu na ocasião.

O relógio do coração hoje descubro, bate noutra freqüência daquele que carrego no pulso.

Marca um tempo diferente, de emoções que perduram e que mostram o verdadeiro tempo da gente.

Por este relógio, velhice é coisa de quem não conseguiu esticar o tempo que temos no mundo.

É olhar as rugas e não perceber a maturidade.

É pensar antes naquilo que não foi feito, ao invés de se alegrar e sorrir com as lembranças do que viveu.

Pense nisso. E consulte sempre o relógio do coração: ele lhe mostrará o verdadeiro tempo do mundo.

O tempo

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente

e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais:

não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.


A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

Feliz Ano Novo!!!

Eu acuso

J’ACUSE !!!
(Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes)
“Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice.”
(Émile Zola)
“Meu dever é falar, não quero ser cúmplice.”
(Émile Zola)
Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado “dano moral” do estudante foi ter que... estudar!).
A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro.
O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares.
Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática.
No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que “era proibido proibir”. Depois, a geração do “não bate, que traumatiza”. A coisa continuou: “Não reprove, que atrapalha”. Não dê provas difíceis, pois “temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”. Aliás, “prova não prova nada”. Deixe o aluno “construir seu conhecimento.” Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, “é o aluno que vai avaliar o professor”. Afinal de contas, ele está pagando...
E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de “novo paradigma” (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: “o bandido é vítima da sociedade”, “temos que mudar ‘tudo isso que está aí’; “mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico’.”
Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno – cliente...
Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo”.
Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.
Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal a o autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:
EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;
EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a “revolta dos oprimidos”e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;
EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;
EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”;
EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;
EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;
EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;
EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu “tantos por cento”;
EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno “terá direito” de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;
EU ACUSO os que agora falam em promover um “novo paradigma”, uma “ nova cultura de paz”, pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da “vergonha na cara”, do respeito às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;
EU ACUSO os “cabeça – boa” que acham e ensinam que disciplina é “careta”, que respeito às normas é coisa de velho decrépito;
EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;
EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.
EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam “promoters” de seus cursos;
EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;
Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos -clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.
Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de “o outro”.
A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: “Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo.”
Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.
Igor Pantuzza Wildmann
Advogado – Doutor em Direito. Professor universitário.